terça-feira, dezembro 09, 2008

e agora

uma nuvem passou levando toda a inquietação.

ou será que a nuvem passou e eu enxerguei o sol?

sempre pensei que tudo fosse inatingível. pensava assim pra ter garra, disposição, empenho, energia, paixão pra conseguir chegar lá. Um lá meio horizonte, nunca se alcança mas sempre se chega mais perto e o caminhar já é o ganho.

Sempre acreditei que estar incompleta era necessário para se tentar a completude. lá vem o horizonte novamente.

Hoje, quando o mundo está de cabeça pra baixo eu encontro um título de filme que diz assim: Quando o mundo está de cabeça pra baixo se sinta sempre no topo.

E é justo por isso que escrevo.

O fundo do poço virou o topo do mundo e dá pra enxergar muito assim. Pelo menos até a próxima virada.

Dá pra deixar o exagero que me nasceu sagitariana pra caminhar estando parada com a exata dimensão de que tudo é aqui mesmo, agora, do jeitinho que está.

Eu não sei o que eu negava com tanta força. Não acho mais necessário saber. Sinto uma liberdade que me paralisa.

Tanto que tenho vontade de ficar calada.

Tem uns 3 dias que a ficha caiu, o cartão passou, a eureca acendeu a luz mais forte em cima da cabeça e eu nem sai gritando: Descobri tudo! a partir de hoje não me falta mais nada! Pela primeira vez na vida eu sei que...

Todo o discurso que usei pela vida afora, tão gostoso meu discurso, minhas palavras de descoberta pela primeira vez, não fazem mais o sentido que faziam.

Eu sinto falta desta criança feliz, orgulhosa, talentosa e muito primeiro lugar em tudo que eu sempre fui, talvez por milênios. Mas é uma falta boa, hoje me sinto meio mãe que conseguiu pôr uma criança hiper ativa pra dormir, sem nenhum esforço. apenas porque entendeu a dinâmica do comecinho de tudo. A paciência consigo mesma.

Me lembrei! Quando a Clarissa era bebê e ficava agitada que ninguém dava jeito, eu precisava acalmar o mais profundo da minha alma, sem porques nem talvez e ela se acalmava em seguida.

Hoje minha alma é mãe de família. A família dessa minha alma que tanto viveu, sofreu e foi feliz e é feliz.

A historinha do Rei Leão, o musical que acabei de deixar pelo caminho aconteceu dentro de mim mesma.

E eu já não preciso chorar uma dor ancestral que estava aqui dentro de mim por puro abandono. Eu assumo o meu lugar no ciclo da vida. Sem necessidades tão efêmeras assim e com tudo fazendo um sentido muito calmo.

Sou mestra de mim mesma e apenas isso e isso já é muito trabalho pra mim.

Enquanto meu mundo se cala e dorme o sono justo de uma criança cansada de espernear, eu me faço adulta. Mulher, sábia e compromissada comigo mesma. Só posso e dou suporte à mim. Me sou necessária e ninguém mais me aplaude ou ilumina.

A ninguém quero ou devo passar o bastão de minha luz interior, aquela que me dá brilho aos olhos.

E pela primeira vez em minha própria vida, eu sou bonita pros meus próprios olhos, sem o olhar externo de seu ninguém.

Estou de pazes feitas com a eternidade que eu tanto vislumbrei, exultei, namorei e não quis tão próxima.

O passado não me quer mal e não o quero mais tão perto como um fantasma estarrecido, querendo meu perdão.

O perdão banha tudo com água bem quente e a vida não se faz morna. A vida é fria, gelada, com brisa suave, com calor infernal, a vida é assim esta, do jeito que está. Cada dia mais normal que o outro e eu encantando a mim e a todos não mais por necessidade, mas apenas por sintonia. Por plenitude.

Eu aceito que sou eu quem fiz, faço e farei. Eu aceito, admito e realizo até que muito próximo, hoje mesmo eu estou satisfeita.

É isso. Não sei descrever o que aconteceu. Eu sou assim. E gosto de mim.

E sei que esta criança que eu sou e hoje dorme na hora certa pode acordar preu poder ter o frescor que sempre tive, na medida do necessário.

Agradeço a você por estar aqui me dando a mão quando é preciso. A você e ao mundo sutil onde os amigos estão sempre atentos e eficientes.

continuo a viver por pura confiança. O céu é esse que tá aqui por dentro e eu continuo querendo mais. Claro. Nasci assim sagitariana, aquariana, teimosa e muito confiável, he,he,he,he,he,

É isso!!!!

enquanto escrevo

tou precisando de mim.

me encontrar definitiva, mesmo que amanha eu seja outra.

odeio algo escondido e passei a vida desvendando mistérios fora e dentro de livros. talvez por ter me escondido tempo demais.

estava meio adormecida ontem quando ouvi um personagem de filme dizendo que não adianta esquecer o passado, esconder coisas e não lembrar mais porque infinitamente voltamos a percorrer a mesma estrada e a cometer os mesmos erros.

essa tristeza, essa vontade de entregar os pontos, essa necessidade de me recolher num hospital psiquiátrico e tomar remédios que entorpeçam a minha mente tem de ter um final.

a calma que tive até hoje por saber que eu estaria ali no final da estrada ou no final do dia pra me dar suporte está quase no final.

uma vez eu escrevi que a minha fé era um grande balão que muitas vezes abarcava o mundo inteiro e de repente ela vira um pequeno e apertado capacete que só dá conta de mim e muito mal...

são poucos estes momentos em que me sinto infinitamente sozinha. e compreendo, sempre compreendi que isso é uma oportunidade de crescimento. uma coisa parecida com um deserto da alma. o Getsêmane de cada um. aquele momento no horto das oliveiras em que Jesus ficou sozinho, cara a cara com a sua opção maior de ser ele mesmo em plenitude.

quem me dera ter a coragem que Jesus teve de ser ele mesmo até as ultimas conseqüências.

é difícil e doído, mas passar por isso é fundamental.

Oh coisa doida ser humano!!

E ainda assim otimista e sorrir.

Sentar no piano e espantar os fantasmas. Espantar a dor interna que não sei onde se esconde. procurar não é mais necessário.

Chega o momento em que o início dessa dor tem de vir ao meu encontro. Eu abraçando a mim mesma, a meus erros passados, as desilusões que custei e justamente com todas as minhas forças custo a admitir. enxergar. redimir.

ah como eu quero alguém que me dê à mão e me ofereça um colo. alguém que receba a ira que trago por dentro das entranhas do espírito a tanto tempo que já virou calo.

Pegue essa ira e leve embora transformada em testemunho de fé.

não nasci pra percorrer os mesmos erros e os mesmos acertos. nasci pra ir além retornando e fazendo jardins de notas musicais pra trás, pra frente, dos lados, em todas as dimensões.

o que eu quero não é o impossível. eu quero a dignidade de saber escolher, sabendo que fui eu mesma quem escolheu e não o pavor de não cometer erros.

eu quero uma verdade bem grande, uma alegria, uma delicadeza, eu quero a utopia do momento da criação, sem o desgaste da separação.

quero sentir a plenitude de não me reconhecer sozinha. porque não estou.

meus laços com o infinito sutil são tão vastos, tão largos, sinto tanto carinho me rodeando agora mesmo.

quero entregar, me entregar, que as coisas prometidas por mim a mim mesma aconteçam.

que o sal de minhas lágrimas seja tempero de minhas conquistas.

amém

só de ti

quem se vê não se enxerga.

eu no espelho sou reflexo de uma grande busca.

não existem equívocos. é quase matemática.

tudo interligado em programas já estabelecidos.

se encontro o programa original me fortaleço em desbancar os programas que existem como vírus.

o amor cabe na matemática. o amor é matemático como a música.

somente com carinho e entrega dá pra chegar onde quero.

e onde será isso?

sei que é o contrário da minha ação.

eu involuntário e eu no controle.

existe o "x" da questão.

enquanto me embalo com sons que não são meus eu vislumbro o passado escondido como quem não quer chegar.

mas não há prisão nenhuma além da ilusão.

e não há em mim nada tão escondido assim.

eu posso me ver sob a sua ótica e acreditar no seu caminho de amor.

eu me projeto em você e me protejo. mas pra que proteção? pra que projeção? ela só disfarça a raiva que sinto. uma raiva imensa, ancestral, uma raiva contida pois ninguém é de fato responsável pelo lugar onde me encontro, além de eu mesma.

mas onde sou?

sou justo onde quero.

minha fé que é bem maior e mais antiga que meus problemas conduzem essa longa e exaustiva procura, busca.

Já encontrei. Já sou. Tenho apenas que descansar.

acordei assim

sonhei que tudo estava resolvido.

o dia de hoje estava resolvido.

sonhei que tive coragem de me dizer não. sonhei que tive coragem de me dizer sim.

sonhei que largo meu vício para você largar o seu.

a estrada é solitária para quem enxerga com os olhos da matéria.

toda uma rede de amigos estão juntos tentando, pedindo, se esmerando para que eu esteja aqui agora mesmo.

sonhei que meus sonhos são reais e que posso realizar plenamente o impossível.

o impossível pra mim não é a realização externa, profissional, financeira. minha realização é espiritual primeiro. o depois é tudo quanto se pode conseguir neste plano.

hoje me sinto impossibilitada de seguir adiante para desfazer o nó que eu mesma criei tanto tempo atrás.

um calor insuportável, uma impaciência que corta feito faca, uma vontade de desistir e ser medíocre.

desejos que são no mínimo não os meus.

um longo banho pra esquecer a derrota é o que preciso. essa derrota é aparente. a força é muito maior. a vontade é muito maior.

e se eu foco na vontade, nada mais me resta além de seguir adiante e descobrir o mal que me fiz ou a mágoa que escondi para não jogar lama no nome de ninguém.

eu preciso lembrar sempre de mim primeiro. preciso esquecer que existe alguém por quem eu daria a vida. o amor doação, a coisa heróica disfarça eu mesma e meus motivos.

me escondi de mim pra evitar um mal maior. e o mal maior me tomou a vida inteira e tomará outras se eu não achar a chave da porta que nem sei se existe de fato.

quem me dera que eu fosse criança. criança não esconde nada. mas criança esquece. eu não quero ser criança que esqueceu e enterrou bem fundo a sua desventura.

eu quero ser adulto que persegue o infortúnio até anula-lo. apenas pela consciência de que isso deve e tem de ser feito.

eu estou dando voltas ao meu redor. a cabeça no peito, os olhos no próprio umbigo. preciso caminhar, estou já na estrada, mas assim não enxergo nada, não me divirto e essa dor dói demais. eu choro, eu choro, eu choro e não enxergo o começo dessa dor.

e é ela que me prende os músculos, mesmo que a música seja um refresco constante.

a música me aproxima do lugar onde a dor não mais existe.

e é pra lá que eu quero ir. o lugar onde a dor não existe. nenhuma dor.

mas antes eu preciso ficar cara a cara com esta dor que me consome a alma. de mim apenas depende isso. e que seja logo.

é minha oração hoje. que seja logo!

eu quero chegar lá atrás naquele tempo em que algo aconteceu. quero enxergar e vivenciar de novo este algo, aqui de onde estou adulta em mim. e quero perdoar o que deve receber perdão e quero me desligar. entregar a Deus e voltar pra cá, onde a música me livrou de todas as dores.

eu quero chegar aqui e quero que seja logo. pois já cheguei e não enxergo.