sábado, janeiro 31, 2009

zé menezes e simone guimarães

eu tenho de dividir duas grandes alegrias noturnas. Aconteceu ontem a noite.

Cheguei ao Teatro José de Alencar por volta de 18,30h pra assistir ao show do Zé Menezes, 77 anos de música pelo mundo.

Adelson Viana no piano e acordeon, Tarcísio Sardinha -7 cordas, Márcio Resende - sopros e Luisinho Duarte - bateria e pandeiro. E ele, Zé Menezes ao bandolim e apresentando o violão, seu companheiro desde 1933. É! Vcs estão lendo direitinho 1933. Caraaaamba. O filho mais velho, segundo ele mesmo.
Gente, vcs precisam ve-lo de pertinho. Oh delícia! Ritmo, cadência, tudo no lugar certo, se é que é justo que eu diga somente isso. Choro, lamentos, homenagens ao Pixinguinha e muuuitas outras composições desse músico fantástico, sempre abrindo portinhas pro improviso do Adelson, do Márcio, do Sardinha e até do pandeiro do Luisinho Duarte. Tudo escrito, ele regendo, sentadinho, levantando quando a música o tomava num crescendo e um humorista radiante quando pegava o microfone pra falar, he,he,he,he,he,he,

É uma honra poder ouvir o Zé Menezes e ainda bem que ele continua fazendo show. Adelson quase não para de sorrir o tempo inteiro, o Sardinha se deliciando em tocar aquele material. Márcio Resende fazendo uns improvisos que tocava a alma da gente em mais um quinto além da composição em si e Luisinho Duarte segurando a energia do jeito que somente ele sabe fazer.

Oh delícia.....

Sai correndo de lá após a ultima música pra ver o último dia da temporada Simone Guimarães e Isaac Cândido no teatro do SESC Iracema.

Gente, eu me atrevi a escrever isso aqui pra vocês do Brasil todo, porque vocês não podem perder esse cd que está saindo pela Biscoito Fino e também os shows de lançamento que logo acontecerão por aí, pertinho de vocês.

Simone Guimarães completa e totalmente repaginada e feliz, feliz como eu mesma nunca tinha visto antes. O cd e o show são composições do Isaac Cândido e parceiros. O Isaac é músico e compositor cearense da minha geração. Alguns cds lançados quase sempre em dupla com Marcos Dias (O Gilvandro dele, eh,he,he,e)...

Cainã Cavalcante na guitarra, Aquiles na bateria (umas das mais educadas e sofisticadas batidas que já conheci), Miquéias dos Santos no baixo (show+show+show) e Tiago no teclado (conheci ontem, se garante o menino) e Isaac Cândido no violão e voz.

Simone encontrou a alma das canções do Isaac de uma forma que nem eu mesma que cantei algumas delas tinha antes vislumbrado. E o som a toma por inteiro. Ela sorri, dança, conversa aquele carinho dela (que eu também não conhecia), entre as canções e diz várias vezes várias o quanto o Ceará, pelas mãos do Isaac a fez renascer no momento atual de vida, inclusive musical.

Eu fiquei orgulhosa de ver as canções desfilarem direto pra alma do público que lota a casa a 4 sextas feiras e fiquei orgulhosa de ver o Isaac ouvindo, cantando, tocando suas canções tão lindamente.
Fiquei admirada, cativada, virei fã de carteirinha dessa moça Simone Guimarães tão forte, tão frágil, tão humana, tão verdadeira a cada som que produz. Eu fiquei feliz, feliz e muuuuito feliz e espero que vcs não percam este show por onde ele puder passar. Nem o cd.

Uma delícia à parte dentro do show foi a presença do Evaldo Gouveia. Evaldo conhece bem o Isaac aqui no ceará em suas andanças, ele ama a música que se faz no Ceará e sempre que sobre ao palco tem um, 3, 4 convidados. Outro dia ele me convidou e eu quase enfarto. Delícia...

mas... conhece a Simone dos tempos que ela passou morando em Brasília. Foi ao show porque viu os dois num programa de TV. Eles agradeceram a presença do Evaldo e o evaldo subiu ao palco e disse assim: Menino, me dá aí um violão, né? A gente tá aqui tão feliz....!!!!!

Eu disse pro Nelson Augusto: ele não sai mais, he,he,he,he, Dito e feito. Foi muuuuuuuuuuuuuuito bom! Mais de meia hora de Evaldo Gouveia com suas canções de todos os tempos e o mais gostoso, a platéia cantando junto. E não tinha muito velhinho por ali não.... tinha muita moçada, o que me deu mais alegria ainda. Cantei mesmo, todas que aprendi ainda criança, com meus irmãos e meus pais. Em seguida, ele chama Myrlla Muniz, cearense radicada em Brasília e a Myrlla ataca um Patativa junto com o Cainã, com direito à Simone improvisando no piano, Isaac improvisando no vocal, que foi muuuito emocionante.

Os dois, Isaac e Simone, com o tempo agulhando os pescoços e corações estiveram primorosos como anfitriões desta noite que eu não esqueço ainda em muito tempo. Só soube desse intermeso depois, conversas de bastidores.

Eu amo me admirar, me surpreender com música bem feita. Com alma na ponta dos dedos e alma na voz... Eu já cheguei nestes dois lugares sabendo esperar o bom e o belo. Mas eu recebi tanto a mais. Tanto. Agradeço tanto à Simone, ao Isaac aos músicos todos que mais uma vez abençoaram a terra. Uma hora de bençãos sem tirar nem põr e Deus ali, feliz da vida.

Como diz Zé Rodrix, tem muita música inédita no Brasil pra ser gravada, ouvida e gostada pelas pessoas. E isso a Simone tá fazendo, nem acredito que como ensinamento, não, ela não quer ensinar nada não. Ela quer ser feliz e está feliz e permanece por muuuito tempo.

Fiquem atentos, viu?

Não percam esta moça. E este rapaz que faz sucesso com propaganda enganosa cantando assim: "Hoje é sábado. É o dia dos bêbados. E das moças católicas. Que vão para a missa rezar pra tentar encontrar algum bêbado. Aquele cara simpático. Quando não está estático. Sentado na mesa de um bar a tentar encontrar algum método. De burlar o estético. De furar o ilógico. E de tentar conquistar uma moça que não sabe nada dos Bêbados. Aqueles caras exóticos. Quem misturam os tópicos. E que promovem o riso que eu sempre tentei mas agora estou Bêbado. Procurando os meus métodos. Misturando os meus tópicos. E tentando enganar os que não sabem nada de nada dos Bêbados."

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Pálida

Tavito/Aldir Blanc

Eu andei a vida inteira assim
Cintilando em despedidas
Meu buquê de sempre-vivas
Ou de margaridas num eterno adeus
Sensitiva, crio talismãs
E não perco a alegria
Canto como um passarinho
E, se o ar me falta,
Compenso em paixão
Toda feita de nuances
Morro como as flores dentro de um romance
Pálida, cálida, angelical.
Gosto de brincar, tranço de luar
Mortalhas pro meu aconchego
Pois morrer mais cedo é um jeito de pedir ao medo
Pra me dar sossego

Passa da meia-noite
E eu levitando vou decifrar
O que as constelações
Escrevem na escuridão
Lá do balé da luz
Vejo meu corpo adormecer
Cansada, só volto a mim
Na estrela do amanhecer

Sei que vivo de morrer
Por ter outra idéia na cabeça
De tanto brincar com a sorte
Pode ser que a morte canse e me esqueça.