terça-feira, maio 26, 2009

para meu mestre com carinho

Era uma vez uma história.

Existe no Rio uma menina chamada Nana.

Ela ama música e criou uma lista de internet chamada m-musica.

Assim sendo, quando eu ainda era pequenina, gravando meu primeiro trabalho musical em cd, com véus e mais véus a cobrir meu entendimento, meus olhos e ouvidos eu entrei na m-musica. Conduzida pela Nana, segurando a minha mão.

Isso porque a história é longa, tem muito detalhe antes e depois, mas heis que um dia Zé Rodrix entrou nessa história, ou melhor, nessa lista, ou melhor nessa vida. Na minha.

A Nana e a m-musica tinham um detalhe pouco ortodoxo. As pessoas da lista não se escondiam. Elas cultuavam o encontro real, pra além do virtual, para muito além do “olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem?

Depois do convívio com a m-musica numa altura dessas já internacional, eu fui à São Paulo á convite do Raul Correia pro primeiro encontro da m-musica em São Paulo.

Lá eu conheci a Etel e o Rafael Altério, e o Ricardo Moreira, a Consuelo de Paula, O Elder, a Cris, todos que eu estava conhecendo, pela primeira vez.

Cheguei assim pra esposa do Raul, a Vera e perguntei: aquela moça de cabelos brancos é sua irmã? Não, é a Júlia, esposa do Zé Rodrix. Logo depois a Júlia veio bater papo pra virar irmã de vida inteira. Ali também estavam a Bárbara e o Tunico, o Roger e a Bia que eu já conhecia do Rio.

De madrugada, bem 3 horas da manha, chega Zé Rodrix, vindo de um show do Trio no interior. Faz aquela entrada triunfal que só ele sabia fazer e senta ao piano pra tocar “Onde os anjos não ousam pisar”.

Neste momento eu me escondi no ombro do Luís Hermano, lá na varanda. Chorando e me falando: Que momento, Deus meu!!!

Eu já trocava e-mails na m-musica, timidamente, mas depois da entrada do Zé, algo me aconteceu.

Durante as brigas, os ressentimentos, o “egos chorados e chorantes” daquela época na lista, eu escrevia em PTV pro Alan e pra Nana. Gente, como é que a gente faz? O Zé não pode deixar a lista, ele mudou a minha vida. Eu sou uma antes de Zé Rodrix entrar na m-musica e outra agora, depois da entrada dele.

Nesse final de semana, o Zé me buscou num almoço, me levou na casa dele, fiquei lá acho que umas 2 horas. Bastou pra ter encontrado uma família que me adotou e a qual eu não largo nunca mais na vida.

Em setembro do mesmo ano a Júlia veio aqui e passou uns dias comigo. Em outubro ou novembro daquele ano teve o segundo encontro da m-musica em Sampa, na casa do Lufe. Dali, onde pela primeira vez ouvi “Fronteiras do Amor”, na voz da Tânia, com o privilégio de acompanha-la no teclado, eu sai diretamente pra minha primeira estada na casa dos Rodrix. Eles nunca mais me deixaram pernoitar na casa de seu ninguém em Sampa. E adotaram meus amigos, onde antes eu ficava, como seus amigos mais leais. Segundo o Zé, pra eles não ficarem se sentindo preteridos, he,he,he, Foi nesta segunda seguinte que eu fui conhecer o Caiubi, junto de Zé Rodrix, que a convite do Sonekka estaria recebendo uma homenagem. Eu voltei pra Fortaleza e o Zé nunca mais largou o Caiubi.

Foram muitos anos de convivência. A leitura da trilogia, os e-mails, a saída dele da m-musica. A Virada interna de ser criança pra ser gente grande responsável por meus próprios pensamentos e atos.

Véus e véus sendo retirados à medida que guiada pelas mãos de Deus através das mãos daquele mestre eu ia chegando à vida. Oh vida boa!!!!!

Comecei a compor ali na sala da casa dele. De repente eu já estava com um cd pronto pra ser gravado e somente com canções minhas. Em julho no ano passado o Zé me arrumou um trabalho em Sampa e disse assim: Vc volta em agosto com a Clarissa e tudo o mais vai acontecer.

Eu decidi diferente. (Se arrependimento matasse...!!!)

Entre tantos detalhes e como este é apenas um e-mail, porque eu preciso dizer pra quem me ama que eu estou bem, nós chegamos aqui: à madrugada em que a Bárbara me liga pra dizer que o pai dela foi pro céu.

Eu garanto a vcs que eu não queria ir. Eu fiquei apertada de enterrar mais um pai, quando eu sabia que tudo quanto eu não queria na vida era ver meus tão amados amigos, passando por tão profunda dor. Pra quem não sabe: 22 de maio, dia em que o Zé partiu é o dia em que meu pai também partiu a exatos 25 anos atrás. Eu tinha 18 anos, mesma idade que tem hoje a Bárbara...

Eu fui, gente!

O Raul me levou.

E levei o derradeiro carão dele. Quer dizer, o derradeiro até agora, porque eu sei que assim como meu pai, o Zé vai aparecer em sonho, em momentos pra ralhar comigo de novo e sempre e se Deus quiser eu sempre vou precisar. Porque todo dia a gente acorda mesmo é pra crescer.

O corpo do Zé chegou lá no local do velório e a Bárbara não quis vê-lo. Eu disse a ela que precisava daquele momento e fui até lá. Quando eu cheguei próximo e ia começar a falar com ele, rezar sei lá, daí eu o vi. Não com estes olhos, mas eu o vi e ouvi e ele disse assim:

“Maria Aparecida, o que vc está fazendo aqui? Isso não é lugar pra vc! Essa é minha casca. Minha casca está aqui para todos aqueles que tiveram contato com ela. Você teve contato COMIGO. Saia daqui agora mesmo e vá para onde eu estou. Perto dos nossos amigos!”

Eu nem contei pipoca, sai de perto da “casca” e voltei pra junto da Bárbara pra contar a ela o que tinha acabado de acontecer. Ela disse assim: Ta vendo? Precisava levar mais esse carão? Não te falei pra não ir?

E assim é o Meu Mestre. He,he,he,he,he,

Voltei pra junto dos amigos, todos eles embriagados pelo momento.

Mas eu percebi uma coisa na energia de todos nós. Estávamos numa só sintonia.

E me veio à cabeça o seguinte. Aquela era nossa festa de formatura. Estávamos todos recebendo o diploma de final de curso. E todos fomos aprovados com louvor. Peito aberto, lindos e entregues à própria sorte. E era tudo muito capaz, possível e feliz. Estávamos por conta própria, formados e conscientes do caminho a seguir. Cada um com seu cada qual.

Pensei mesmo estar doida. Mas é isso.

O Zé sempre disse: Quando o discipulo está pronto o Mestre aparece. Sonekka acrescentou bem ao estilo do Zé. Quando o discípulo está pronto o Mestre DESaparece.

Meu Mestre querido, Deus me tirou dois pais no mesmo dia. Mas... a Mariana sua filha me explicou que o número 22 é o mais importante da cabala, significa final de ciclo. A ultima letra do alfabeto hebraico. Encerrado o período. Até na hora de partir vc foi coerente.

A ultima máxima que você me passou pessoalmente nas ultimas férias que passei na sua casa foi essa: a busca do ser humano deve ser por coerência total entre: pensar, falar e agir.

Você chegou lá, muito rapidamente porque sagitariano tem pressa. Eu agradeço profundamente a Deus, porque você se doou para que todos nós tivéssemos uma vida melhor e agora você tem essa vida bem melhor. Sem a casca. O ultimo dos véus retirado. Consciência plena da criação. Deus quando criou você não estava entediado. E ele aprendeu muito durante a sua vida e sorriu muito com suas peripécias e apenas o colheu.

Nós, seus frutos, infinitamente inferiores, e aqui vc me daria mais um carão, seguimos plantando. Juntos, impregnados da sua garra e coragem.

É com uma imensa dor no coração, ou seria profunda alegria, que eu digo a vcs, ou digo a mim? Que essa história não acabou. Muitos séculos adiante ainda se escuta a canção e ainda se cultivam casas no campo com amigos e filhos de cuca legal, com livros e discos. É uma história sem fim. Uma eterna história.

terça-feira, maio 19, 2009

lembraças de novo

1982

Vinil da Simone. (que eu esqueci o nome...)

Ouvi uma vez e bastou.

Decorei, ensinei, cantei em shows pequenos, rodas de violão.

Eu amo essa canção!

Tão simples, tão direta. Tão realista.

Hoje eu ouvi o Paulinho no Canal Brasil falando de uma urgência que o persegue. Arrumar seu interior, já que nunca consegue arrumar o externo. Ele faz trabalhos na madeira, tenta ser lutier, pega o violão e fala assim: Eu toco e tento arrumar... Tento minimizar, tento chegar.

e toca a minha canção

Retiro

Meu tempo às vezes se perde
Em coisas que não desejo
Mas não repare esse lado
Pois meu amor é o mesmo
Nos momentos de carinho
Eu me desligo de tudo
Nos braços de quem se ama
É fácil esquecer o mudo

Às vezes eu me retiro
E nada me faz sentido
Só há um canto na vida
Aonde eu me refugio
Afasta as sombras que eu vejo
Nos teus olhos tão aflitos
Você conhece minh'alma
E quando quer me visita

segunda-feira, maio 18, 2009

vidaquedesceladeirasemnuncapararprachegar

vento no rosto
pra que enxergar
demorou vidas pra subir e agora
acontece rapidamente
sorrindo consigo sentir
o gosto adquirido de realizar

nada deverá ir tão devagar ou tão rapidamente

tudo acontece de forma segura e controlada
nem dentro do meu peito

não engoli a vida pra ser digerida aos poucos
nem fui engolida pra ser degustada
eu sou pura miragem
criada a partir dos próprios sonhos de quem ousar me ter

se um dia eu fôr embora
é apenas dos meus sonhos de menina
quando um sonho fica real
parece que foi embora uma parte do solb
mas que nada
era um fa#
o tempo inteiro

você foi quem não viu