Me avisa
quando eu for uma colagem mal feita
de tantos quantos já viveram comigo..
quando eu não mais for um espelho ambivalente
digno e prático..
Me avisa
quando me faltar o amor em palavras, pensamentos
e ação..
quando eu usar meu poder pra criar regras novas
num jogo que ninguém sabe jogar..
Me avisa
quando eu não escuto a distancia,
o silêncio, a zombaria..
quando eu for infantil e
te negar o direito de não ser tanto..
Me avisa
com quem andas para que eu me situe
em quem tu és..
quando eu já tão preso
aprisionar meu futuro num passado
que se perdeu de mim
Me avisa
quando as minhas palavras forem eco
de carinho empoeirado..
quando meu poema não é de verdade
um labirinto de palavras bem vestidas
Me avisa
quando for o tempo exato de parar com dogmas
e ser humana em frente ao mar
que não sou mar, nem vento,
nem terra, nem fogo
Me avisa quando o vício
e a incerteza baterem a porta
quando eu não souber viver sem eles
e me rebelar com meus amores e afetos
Me avisa
que não uso corretamente as palavras
quando sou tão correto
escravizo meu coração..
Me avisa
quando for o tempo de perdoar
que você não mais virá
quando eu mudar de endereço..
que eu habito a mim
e não posso fugir..
Me avisa
quando a única opção
for não optar..
ninguém vai nunca saber
quando isso acontece..
me avisa
que tuas dores
são tuas alegrias..
tua fraqueza a tua força
Me avisa
que não te encontro
procurando em mim..
de avisar que não estou em ti..
Me avisa
pra te acordar quando os dias acordarem
e te cantar pra dormir quando for noite..
Me avisa
que sou míope
e não diferencio as estações..
Me avisa
pra não lutar contra moinhos de vento
e me acarinhar por própria conta e risco..
Me avisa
que não posso ser
enquanto um guarda me sentencia a procurar..
Me avisa
que sempre existirá eu
contigo por dentro..
que teu rosto é leve
Me avisa
todos os dias
todos os dias
todos os dias
me avisa que é tempo de amar..
me avisa
não esquece
me avisa..
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