terça-feira, dezembro 09, 2008

acordei assim

sonhei que tudo estava resolvido.

o dia de hoje estava resolvido.

sonhei que tive coragem de me dizer não. sonhei que tive coragem de me dizer sim.

sonhei que largo meu vício para você largar o seu.

a estrada é solitária para quem enxerga com os olhos da matéria.

toda uma rede de amigos estão juntos tentando, pedindo, se esmerando para que eu esteja aqui agora mesmo.

sonhei que meus sonhos são reais e que posso realizar plenamente o impossível.

o impossível pra mim não é a realização externa, profissional, financeira. minha realização é espiritual primeiro. o depois é tudo quanto se pode conseguir neste plano.

hoje me sinto impossibilitada de seguir adiante para desfazer o nó que eu mesma criei tanto tempo atrás.

um calor insuportável, uma impaciência que corta feito faca, uma vontade de desistir e ser medíocre.

desejos que são no mínimo não os meus.

um longo banho pra esquecer a derrota é o que preciso. essa derrota é aparente. a força é muito maior. a vontade é muito maior.

e se eu foco na vontade, nada mais me resta além de seguir adiante e descobrir o mal que me fiz ou a mágoa que escondi para não jogar lama no nome de ninguém.

eu preciso lembrar sempre de mim primeiro. preciso esquecer que existe alguém por quem eu daria a vida. o amor doação, a coisa heróica disfarça eu mesma e meus motivos.

me escondi de mim pra evitar um mal maior. e o mal maior me tomou a vida inteira e tomará outras se eu não achar a chave da porta que nem sei se existe de fato.

quem me dera que eu fosse criança. criança não esconde nada. mas criança esquece. eu não quero ser criança que esqueceu e enterrou bem fundo a sua desventura.

eu quero ser adulto que persegue o infortúnio até anula-lo. apenas pela consciência de que isso deve e tem de ser feito.

eu estou dando voltas ao meu redor. a cabeça no peito, os olhos no próprio umbigo. preciso caminhar, estou já na estrada, mas assim não enxergo nada, não me divirto e essa dor dói demais. eu choro, eu choro, eu choro e não enxergo o começo dessa dor.

e é ela que me prende os músculos, mesmo que a música seja um refresco constante.

a música me aproxima do lugar onde a dor não mais existe.

e é pra lá que eu quero ir. o lugar onde a dor não existe. nenhuma dor.

mas antes eu preciso ficar cara a cara com esta dor que me consome a alma. de mim apenas depende isso. e que seja logo.

é minha oração hoje. que seja logo!

eu quero chegar lá atrás naquele tempo em que algo aconteceu. quero enxergar e vivenciar de novo este algo, aqui de onde estou adulta em mim. e quero perdoar o que deve receber perdão e quero me desligar. entregar a Deus e voltar pra cá, onde a música me livrou de todas as dores.

eu quero chegar aqui e quero que seja logo. pois já cheguei e não enxergo.

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