terça-feira, dezembro 09, 2008

enquanto escrevo

tou precisando de mim.

me encontrar definitiva, mesmo que amanha eu seja outra.

odeio algo escondido e passei a vida desvendando mistérios fora e dentro de livros. talvez por ter me escondido tempo demais.

estava meio adormecida ontem quando ouvi um personagem de filme dizendo que não adianta esquecer o passado, esconder coisas e não lembrar mais porque infinitamente voltamos a percorrer a mesma estrada e a cometer os mesmos erros.

essa tristeza, essa vontade de entregar os pontos, essa necessidade de me recolher num hospital psiquiátrico e tomar remédios que entorpeçam a minha mente tem de ter um final.

a calma que tive até hoje por saber que eu estaria ali no final da estrada ou no final do dia pra me dar suporte está quase no final.

uma vez eu escrevi que a minha fé era um grande balão que muitas vezes abarcava o mundo inteiro e de repente ela vira um pequeno e apertado capacete que só dá conta de mim e muito mal...

são poucos estes momentos em que me sinto infinitamente sozinha. e compreendo, sempre compreendi que isso é uma oportunidade de crescimento. uma coisa parecida com um deserto da alma. o Getsêmane de cada um. aquele momento no horto das oliveiras em que Jesus ficou sozinho, cara a cara com a sua opção maior de ser ele mesmo em plenitude.

quem me dera ter a coragem que Jesus teve de ser ele mesmo até as ultimas conseqüências.

é difícil e doído, mas passar por isso é fundamental.

Oh coisa doida ser humano!!

E ainda assim otimista e sorrir.

Sentar no piano e espantar os fantasmas. Espantar a dor interna que não sei onde se esconde. procurar não é mais necessário.

Chega o momento em que o início dessa dor tem de vir ao meu encontro. Eu abraçando a mim mesma, a meus erros passados, as desilusões que custei e justamente com todas as minhas forças custo a admitir. enxergar. redimir.

ah como eu quero alguém que me dê à mão e me ofereça um colo. alguém que receba a ira que trago por dentro das entranhas do espírito a tanto tempo que já virou calo.

Pegue essa ira e leve embora transformada em testemunho de fé.

não nasci pra percorrer os mesmos erros e os mesmos acertos. nasci pra ir além retornando e fazendo jardins de notas musicais pra trás, pra frente, dos lados, em todas as dimensões.

o que eu quero não é o impossível. eu quero a dignidade de saber escolher, sabendo que fui eu mesma quem escolheu e não o pavor de não cometer erros.

eu quero uma verdade bem grande, uma alegria, uma delicadeza, eu quero a utopia do momento da criação, sem o desgaste da separação.

quero sentir a plenitude de não me reconhecer sozinha. porque não estou.

meus laços com o infinito sutil são tão vastos, tão largos, sinto tanto carinho me rodeando agora mesmo.

quero entregar, me entregar, que as coisas prometidas por mim a mim mesma aconteçam.

que o sal de minhas lágrimas seja tempero de minhas conquistas.

amém

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