terça-feira, junho 30, 2009

Comer, Rezar e Amar.

Hospedei minha amiga querida Memeca Moskovich no final de semana passado.

Conversa aqui, ali, cafezinho, comidinhas, carinhos, família reunida entre outras coisas de mundo profissional, urgências de decisões a serem tomadas, caminho aberto, livre entre outras coisas e ela me disse assim:

Não posso sair daqui sem te comprar um livro.

"Comer, Rezar, Amar

Elizabeth Gilbert"

Li todinho. De uma vez. Como acontece com os livros que gosto de ler. São pessoas. A gente senta vai conversando, se encontrando e lamenta demais quando eles terminam, porque parece que a pessoa tá indo embora. Mas livros são como as pessoas que a gente tem de vez em quando. Elas estão sempre ali ao alcance de um olhar.

Deus existe nas mais simples planilhas do dia a dia.

A minha busca é a mesma de Teresa D'Avila, de Elizabeth Gilbert, de Gandhi, de Jesus.

Claro, Jesus buscava tanto que nos encontra a todos ainda atônitos depois de dois mil anos.

Simples, original, nada dogmático. Gostei demais desse livro. Até escrever o meu. Como tenho feito todos os dias. Meus livro vivido. Testemunhado e muito bem cantado.

Me impressiono com os detalhes do amor semeado e cultivado neste mundo por um Deus que cria e é de fato "mestre e guru". Aquele que nos obriga amorosamente a caminhar sozinhos.

Quando o discípulo está pronto o Mestre Desaparece.

A energia amorosa é perdão e consistência. É pra sempre o que a gente quer, mas nunca é a paz de romances cor de rosa que a imprensa apregoa.

A energia amorosa é hoje mesmo tudo quanto tenho a mão. E é mais infinita amanha.

Eu me perdoo por todas as vezes que quis ensinar o amor.

Aprendi e sigo.

segunda-feira, junho 15, 2009

escrito em 26/09/08 - achei no rascunho...


que dificuldade tão grande essa que eu tenho em admitir minhas lentes multicoloridas.

admitir que vejo a vida com cores que muitas vezes ela não tem.

admitir que as paisagens e os olhos das pessoas são o que eles são e não o que vejo deles.

mas pra que admitir meu Deus? se todos querem as lentes que eu uso?

pra que se os textos são tão mais incompreensíveis assim?



escrito em 25/11/08 estava no rascunho...


sonhei que tudo estava resolvido.

o dia de hoje estava resolvido.

sonhei que tive coragem de me dizer não. sonhei que tive coragem de me dizer sim.

sonhei que largo meu vício para você largar o seu.

a estrada é solitária para quem enxerga com os olhos da matéria.

toda uma rede de amigos estão juntos tentando, pedindo, se esmerando para que eu esteja aqui agora mesmo.

domingo, junho 14, 2009

Meta

Nos tornamos sem paz quando não lembramos
da nossa meta ou do doador desta meta.
A meta é empacotar tudo e tornar-se pacífico.
Às vezes, em vez de lembrar da meta, lembramos
de outras coisas que nos tornam fracos.
Mas se há qualquer tipo de fraqueza não seremos
capazes de enfrentar aquilo. Mais e mais
situações virão para nós porque assumimos a
responsabilidade de transformar o mundo.
Nosso sinal é o de sermos inabaláveis, não importa
o quanto alguém tente nos fazer tremer.

Dadi Janki

domingo, junho 07, 2009

tarde de domingo

Época de hoje

ultima página - coluna da Ruth de Aquino sobre o acidente aéreo. Uma senhora de 48 anos que completou 25 de um casamento feliz no ano passado, perde o marido num infarto fulminante a 3 semanas. O filho de 23 que veio pro velório do pai, volta pra Paris no voo acidentado. a jornalista sem saber o que fazer recorre ao psicanalista Luiz Alberto Py para conseguir algum consolo. Ele diz o seguinte:

"O que a gente teve não perde. As lembranças estão dentro da nossa memória. Quando uma tragédia assim acontece, o que se perde é o prosseguimento, é o futuro. E o futuro é virtual, uma expectativa de algo que damos como certo, mas não é. Não se perde o passado. Isso pode parecer meramente racional e é, porque a emoção não se traduz. Não se perde alguém que existiu. O que se perde é uma expectativa. Isso não é consolo, mas pode ajudar a retormar a vida. Pensar não no que perdi, mas no que tive o privilégio de viver. O passado precisa ser uma referência para a gente se nutrir. E não para se lamentar. Há várias formas de conviver com a saudade."

Esse consolo tirou umas poeiras da minha cabeça e eu escrevi de imediato, sem saber onde iria parar:

E eu aqui pensando estar só neste processo de racionalizar o sentimento...

Nessa minha estranha pressa de não morrer em vida, fico pasma!

Vejo acontecer diante de mim uma batalha épica. Recheada de mitos. Só eu mesma pra ser capaz de vizualizar. Nada acontece por acaso na vida de ninguém. Muito menos os encontros.

Me retirei do campo de batalha antes mesmo de pensar sobre o assunto.

E fiquei junto de mim como a artilharia nos ouvidos de seu general.

--Senhor! Temos tudo para ganhar. Conhecemos o inimigo. O terreno. Podemos fazer o resgate em segurança. Nosso objetivo está em nossas mãos.

E o general respondeu:

--Não estamos mais em batalha.

Basta. Não há o que retrucar. apenas reconhecer e com o passar dos dias verificar o nível de confiança que temos no general.

Eu decidi a retirada antes de consultar as bases.

Descubro em mim uma infinitude de humildade, segurança, credibilidade.

Lutar contra tiranos é a batalha mais vil que o ser humano pode pensar em travar.

(É muito fácil passar a ser um deles)

Só o tempo.

Um povo se liberta de seu tirano com maturidade.

Eu me libertei com intuição.

Você se liberta por escolha. Tudo muito sábio, consciente e devagar. (demais pra minha paciência)

Mas eu aprendo. Já aprendi tanto!

Há sempre tanto a aprender.

O general em mim sabe que vai enfrentar o ódio da possível quebra de confiança, de quem devia ter, se sabia estar sendo libertado e não foi.

Para todos os fatos históricos há muitas leituras.

As manchetes nos dois países falam de baixas, perdas, mortes, aberturas de trincheiras e vitórias.

Mudamos de planeta quando perdemos alguém.

Mas eu sou aquele general aparentemente humilhado, feminino, por não seguir adiante.

Eu sei que morte, separação, crescimento, dimensões, são formas reducionistas de ver o todo.

Enquanto o tirano pensa que venceu eu rezo para que tudo aconteça da forma mais flúida e rápida.

As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam.

Não somos os únicos a optar. Nada em nós depende ou pode esperar pela vontade alheia.

Eu já entendi que o amor, o carinho e a segurança podem prejudicar tanto quanto a ausência deles.

Todos passamos por situações de ajuste.

Estou em paz com minhas escolhas por causa da fé.

Eu jamais desisti antes. A única separação que importa é a morte. A última das ilusões.

A confiança é o elo que não se quebra.

É a semente que replanta tudo quando a vida segue seu curso, a poeira das vaidades baixa e os generais repousam suas cabeças sobre o peso das opções que levam à mortes, vidas, abandonos, seguranças.

A história da humanidade acontece no meu jardim.

Só me resta a memória de jardineiro.




Virtudes

Se eu fico pensando sobre as fraquezas de alguém, posso ficar irritado. Me sinto aborrecido e fico imaginando: "Por que essa pessoa tem que ser desse jeito? Por que ela faz isso o tempo todo?" Por outro lado, se eu fico pensando sobre suas virtudes, começo a me sentir leve e fácil com minha mente. Então posso ser influenciado pela doçura dela. O mundo é um show variado e o papel de cada um é diferente.

Brahma Kumaris, Just a Moment, Mount Abu, 1996

sábado, junho 06, 2009

Introversão

Introversão

Quando olhamos uma árvore frondosa, repleta de galhos e folhas, dificilmente lembramos que um dia ela foi uma pequena semente. Da mesma forma, quando a expansão das dúvidas e dos problemas acontece em nossa mente, a semente fica escondida. Ficamos emaranhados nos ramos da árvore e esquecemos a semente. A semente é a essência, o código da nossa existência. Ela contém todo o potencial inato do ser. Ao acessá-la encontramos as respostas para todas as nossas perguntas.

Brahma Kumaris

quarta-feira, junho 03, 2009

acabei de dar uma aula pras minhas idosas.

que incrível!

eu agora aprendi como se faz pra ensinar. a mágica não precisa acontecer somente quando eu estou ali. plantada a semente a mágica permanece e gera frutos.

hoje eu vi isso acontecer na minha sala. aquelas mulheres nunca mais vão precisar de mim pra estarem encantadas. eu não sou mais aquele estado de espírito inatingível. elas já se acessaram.

também não preciso ir embora, me afastar, para que elas se testem sozinhas e sejam felizes. melhor ainda estar comigo agora. eu posso ficar. cada segundo constrúido vai ser melhor.

eu passei um dia sem fumar. só um dia. me senti traída no trato e quebrei minha parte.

mas agora, voltando daquela aula, agradecendo a Deus mais esse veú retirado, mais esse salto de consciência, eu enxerguei o porque que tenho mesmo de parar de fumar.

é a minha parte que tenho de cumprir. independe de quem quer que seja.

sou eu comigo mesma. basta entregar o cigarro para que tudo o mais aconteça.

logo cedo hoje eu lembrei que a graça de Deus é pessoal e intransferível, igual ao amor de predileção que Deus tem por cada um de nós, ainda mais um pouco pelos preferidos.

quando ele concede a graça ela paira sobre nós esperando aceitação. e fica lá, não vai pra lugar nenhum, não passa adiante. apenas é nossa. aceitando, ela nos toma e percorremos o trecho seguinte do caminho.

e assim eu me sinto agora. aceito a graça e encaro o desafio de parar com o cigarro. apenas porque eu quero continuar coerente com tudo quanto tem me acontecido.

encontro em mim uma calma, uma paz, um sentido pleno de comunhão. eu fui muito feliz nestes dias passados aí do teu lado. sim, eu sei que tu pode me ler.

eu fui totalmente livre. pra sentir medo, amor incrível, vivi apaixonadamente. eu só encontro em mim a mesma alegria de amar apaixonadamente, apenas amar, me entregar sem receber em troca e o que eu recebi foi tanto. tanto.

poxa... ninguém nunca alcançou a dimensão do teu olhar pra mim. o teu olhar sempre me amou primeiro. no meio da maior confusão, das mentiras, das ciladas, nos destemperos, dos erros, dos acertos, da música, da energia trocada, teu olhar foi a mãozinha solitária a me guiar nos meus momentos mais sozinha. teu olhar pra mim te guiou enquanto tu nem sabia onde estava indo.

ninguém tem o direito de questionar isso. ninguém nunca teve nem terá o direito de tirar de ti a chance plena de olhar, de me olhar daquele jeito. e agora, que eu acolhi a graça, eu vejo bem. ninguém colocou aquele olhar ali. o teu olhar pra mim é teu. teu olhar que melhora o meu.

e eu acordei com a sensação da nossa sintonia totalmente intacta. por isso eu me lembrei da graça unica e intransferível. nossa sintonia é uma graça concedida por Deus. ela sempre estará ali. por isso a gente não fecha portas.

acolho todas as graças que Deus me quiser doar. estou aberta pra vida melhor que começou já tem um tempinho. o mais, eu mesma construo. de contra-partida.

tudo será assim como o sorriso que vi no teu orkut, quando passava pelo micro da Belo hoje de manha. Tu colocou teu rosto, teu sorriso, teu olhar ali. e foi um sinal muito forte que recebi.

obrigada. obrigada por cada segundo de vida que eu vivi junto de ti. que eu vivo e que eu ainda viverei.

eu só tenho a alma grata. muito grata. infinitamente grata.

amém

terça-feira, junho 02, 2009

minha despedida pra voltar pra você.

somos durante um bom tempo na vida, crianças emocionais presas em corpos de adultos.

competentes profissionalmente, criaturas humanas de complexo e magnífico caráter e lisura.

pessoas lindas, apaixonantes, totalmente inacessíveis.

a criança emocional impede que o adulto seja tocado.

quando nós, os adultos encontramos essa criança bem nutrida, birrenta, impaciente, que usa todo tipo de artifício para obter justamente o que quer nem que para isso gere uma dor de amor profunda em outros humanos já repletos e conscientes que sem querer se deixam levar... (como dizer não a um homem que traz dentro de si um criança de beleza infinita?), nós nos obrigamos a faze-la crescer.

a dor é inimaginável. No meu caso, uma criança que tinha tudo. o aconchego do pai, seu colo, sua proteção e sua atenção totais. da mãe um cuidado muito além do imaginável. a mãe me supriu os desejos mais pequeninos, enquanto me ensinou a ter tudo quanto podia tocar.

foi muito difícil sair fora dos dois abraços tão apertados. tão seguros. foi uma morte necessária.

a criança emocional cresce muito rapidamente nos adultos que se arvoram a começar a trilha.

e não tem mais volta. é lindo ver esse crescimento. e a única fonte mantenedora do passo a passo que dá um reviravolta e o adulto se encontra pleno da noite pro dia, enquanto do lado de fora nada muda além do que ele já perdeu pelo caminho é a beleza do ganho, que elimina as perdas.

é bom lembrar de todos com quem nossa criança brincou, manipulou, usou e de repente não quis mais.

o adulto que trazia essa criança jamais soube o que é seu corpo ser tocado pela energia sexual.

o começo dessa sensação de crescer passa pelo encontro numa cama aconchegante e cheia de amor.

eu vivi isso e espero que você também viva enquanto eu me calo.

como vc me pediu. vc conseguiu me calar.

e esse silêncio é bom demais. bom demais até para que eu o divida com alguém.

mas o amor que gera este crescimento, no nosso caso, é poderoso demais.

ele cura tudo. segue paulatina e corajosamente o caminho nos guiando no meio do escuro, do rancor, da paz, da alegria. o amor nos rouba do colo de nossos pais e não nos permite mais o engano da segurança. Numa outra fase a gente volta pro colo deles numa beleza mais terna ainda. mais tranquila. mais verdadeira.

eu torço para que o meu silêncio alimente esse amor.

porque eu entendo cada segundo desse processo. e como eu tentei lhe explicar, passei por ele sozinha. cada lágrima era uma flecha e pisar na ferida pra seguir em frente fazia com que o buraco se fechasse.

tirada a poeira, arado o terreno é o momento de se deixar plantar.

"arrancadas as ervas amargas, o campo prepara sem medo ou rancor, a colheita da flôr encantada que ainda se chama amor".

esse é meu tempo de curtir a vida. a hora chegou.