terça-feira, junho 02, 2009

minha despedida pra voltar pra você.

somos durante um bom tempo na vida, crianças emocionais presas em corpos de adultos.

competentes profissionalmente, criaturas humanas de complexo e magnífico caráter e lisura.

pessoas lindas, apaixonantes, totalmente inacessíveis.

a criança emocional impede que o adulto seja tocado.

quando nós, os adultos encontramos essa criança bem nutrida, birrenta, impaciente, que usa todo tipo de artifício para obter justamente o que quer nem que para isso gere uma dor de amor profunda em outros humanos já repletos e conscientes que sem querer se deixam levar... (como dizer não a um homem que traz dentro de si um criança de beleza infinita?), nós nos obrigamos a faze-la crescer.

a dor é inimaginável. No meu caso, uma criança que tinha tudo. o aconchego do pai, seu colo, sua proteção e sua atenção totais. da mãe um cuidado muito além do imaginável. a mãe me supriu os desejos mais pequeninos, enquanto me ensinou a ter tudo quanto podia tocar.

foi muito difícil sair fora dos dois abraços tão apertados. tão seguros. foi uma morte necessária.

a criança emocional cresce muito rapidamente nos adultos que se arvoram a começar a trilha.

e não tem mais volta. é lindo ver esse crescimento. e a única fonte mantenedora do passo a passo que dá um reviravolta e o adulto se encontra pleno da noite pro dia, enquanto do lado de fora nada muda além do que ele já perdeu pelo caminho é a beleza do ganho, que elimina as perdas.

é bom lembrar de todos com quem nossa criança brincou, manipulou, usou e de repente não quis mais.

o adulto que trazia essa criança jamais soube o que é seu corpo ser tocado pela energia sexual.

o começo dessa sensação de crescer passa pelo encontro numa cama aconchegante e cheia de amor.

eu vivi isso e espero que você também viva enquanto eu me calo.

como vc me pediu. vc conseguiu me calar.

e esse silêncio é bom demais. bom demais até para que eu o divida com alguém.

mas o amor que gera este crescimento, no nosso caso, é poderoso demais.

ele cura tudo. segue paulatina e corajosamente o caminho nos guiando no meio do escuro, do rancor, da paz, da alegria. o amor nos rouba do colo de nossos pais e não nos permite mais o engano da segurança. Numa outra fase a gente volta pro colo deles numa beleza mais terna ainda. mais tranquila. mais verdadeira.

eu torço para que o meu silêncio alimente esse amor.

porque eu entendo cada segundo desse processo. e como eu tentei lhe explicar, passei por ele sozinha. cada lágrima era uma flecha e pisar na ferida pra seguir em frente fazia com que o buraco se fechasse.

tirada a poeira, arado o terreno é o momento de se deixar plantar.

"arrancadas as ervas amargas, o campo prepara sem medo ou rancor, a colheita da flôr encantada que ainda se chama amor".

esse é meu tempo de curtir a vida. a hora chegou.

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