domingo, julho 26, 2009

compadecei-vos pois, é chegada a hora!

A essência da compaixão

Numa mesa de almoço, um avô percebe que a neta de onze anos está calada.
Subitamente, ela desaba a chorar e se dirige para outro aposento da casa.
O avô, intrigado, segue a neta querida, que já se sentava sobre o sofá da sala com a cabeça baixa.

O que foi, minha querida? O que aconteceu?

Vovô, quando vejo uma pessoa sofrendo eu sofro também. O meu coração fica junto ao coração dela...

O avô compreendeu que ela chorava porque se lembrava de alguém que estava sofrendo.

A menina, de pouco mais de uma década de vida, descobria ali a essência da compaixão.

Fernando Pessoa, através de Ricardo Reais, diz assim:

Aquele arbusto fenece, e vai com ele parte da minha vida. Em tudo quanto olhei fiquei em parte. Nem distingue a memória do que vi, do que fui.

Aqui se encontra uma das marcas da nossa humanidade. – Proclama Ruben Alves.

Vejo algo fora de mim. Mas os meus olhos trazem o que está fora para dentro de mim.

Aquele arbusto – ora, aquele arbusto... Vegetal, nada tem a ver com o poeta. Mas os meus olhos o veem e percebem que ele está fenecendo.

Sou movido por uma imensa e irracional compaixão. Recolho o arbusto que fenece dentro de mim. E eu feneço também.

* * *

A compaixão tem tal poder, e por isso é agente supremo do amor na Terra. É através dela, inicialmente, que a caridade poderá se manifestar.

Precisamos estar no lugar do outro, sentir o que ele sente, e esse sentimento provocar em nós a urgência da ação.

A compaixão é diferente da pena. A pena é estática, distante, não exige envolvimento com o outro.

A compaixão, por sua vez, é dinâmica, proativa, e implica no envolvimento profundo com a vida alheia.

Em tudo quanto olha, ela fica em parte, sim.

Em tudo quanto olha, ela se identifica, pois não consegue se ver sozinha neste mundo. Ela enxerga muito mais o nós do que o eu.

É ela que está salvando este mundo. É ela que está acelerando a mudança para o bem que vem se operando na Humanidade nos últimos tempos.

É a agente da regeneração. Irmã bendita da caridade.

Sem ela a insensibilidade toma conta, congela, paralisa.

Sem ela somos apenas instinto de sobrevivência, sem sentimento algum.

Sem ela, estagnamos a evolução individual, pois sem envolvimento com o ser coletivo, o crescimento pessoal é limitado.

Compaixão... Tenhamos hoje esta virtude como meta.

Como anda o desenvolvimento dela em seu coração?

O que você pode fazer para colocá-la em prática hoje?

As oportunidades virão. Precisamos estar prontos para ela.

Sejamos agentes de transformação do mundo, de braços dados com a compaixão, sempre.


"O sapo que queria ser príncipe, de Ruben Alves, ed. Planeta."

Um comentário:

Cleyton Cabral disse...

Obrigado pelo carinho!